segunda-feira, 30 de abril de 2007








JerzyJurekKukuczka (1948-1989)




A década de oitenta pode ser considerada a época de ouro do alpinismo no Himalaia, uma imensa quantidade de novas rotas foram abertas, os cumes mais isolados foram conquistados e principalmente o homem conseguiu escalar os 14 cumes com mais de oito mil metros, o primeiro foi Reinhold Messner e o segundo foi Jerzy Kukuczka, quando ele conseguiu, Messner disse: "ele não é o segundo, ele é o melhor".
Kukuczka nasceu na Polônia na cidade de Katowice em 24 de março de 1948, trabalhava como mineiro e eletricista. Começou suas escaladas em 1965 nas montanhas de Tratas. Por ser cidadão de um pais comunista e pobre, ele sempre passava por várias dificuldades como a falta de equipamentos, dinheiro, burocracia para vistos e do isolamento político que a Polônia tinha com o resto mundo. Mas determinado, começou sua trajetória pelos gigantes do mundo, o primeiro foi o Lhotse sem oxigênio, depois o Everest, o Makalu e na seqüência vieram os outros oito mil, sendo que apenas no Everest ele usou oxigênio. Todos eles com exceção do Lhotse foram escalados abrindo vias ou repetindo rotas difíceis. Quatro deles foram escalados no inverno, difícil missão para o Himalaia. Kukuczka costumava escalar em estilo alpino, leve, desprovido de grandes expedições, andava pelo Himalaia como um oriental, muitas vezes não tinha dinheiro para pagar nem os carregadores e em algumas ocasiões estava lá no verão e no inverno, um gasto de alto valor para ele. No K2 quando abriu a mítica Face Sul em uma de suas únicas experiências com expedição pesada, essa que era chefiada por Karl Herrligkoffer um dos grandes nomes do himalayismo, Kukuczka escalou o difícil reto com Tadek Piotrowski, que por sinal morreu na descida, na base ficou todo o resto da expedição que considerava a idéia de subir esta parede maluca e muito perigosa, mas eles conseguiram e criaram a famosa Magic Line do K2.
Em 1987 no cume do Shisha Pangma ele tornou-se o segundo homem a concluir a maratona de escalada dos quatorze oito mil, lá ele escalou por uma nova rota na crista norte e logo após desceu do cume com esquis até a base.
Jurek’, como era conhecido entre os amigos, havia chegado 15 vezes nos cumes com mais de 8.000 metros, isso em apenas 11 anos. Em 1989 voltou ao Lhotse para tentar a face sul, uma nova via na única montanha que ele tinha escalado pela rota normal, aos 8.350m, preso por uma corda de 7mm a mais ou menos 70m da última parada, ele caiu rompendo-a e finalizando uma vida de montanhista com ‘M’ maior, sempre guiando, na ponta da corda, e realizando incríveis aventuras pelo mundo vertical. A face sul do Lhotse era o grande desafio da época e ainda iria render muita polêmica com a duvidosa escalada do esloveno Tomo Cessen.
O não reconhecimento de Kukczka no cenário milionário comercial do alpinismo faz até hoje seu nome soar estranho no mundo moderno. Com seu biotipo forte e às vezes um pouco barrigudo, colocava muitos a duvidar de sua capacidade, mas foi assim que viveu o "último dinossauro do alpinismo das grandes altitudes da época pré-comercial" (frase de Messner), ele podia não ter toda a tecnologia de equipamentos e roupas, mas tinha muita força e o espírito alpino, além de uma boa Vodka russa... !!!!


No K2 Kukuczka conquistou a Magic Line (em vermelho)

Kukuczka no cume do K2 depois de sua extraordinária
conquista com o conterrâneo Piotrowiski


No cume do Shisha Pangma, o seu décimo quarto oitomil.


Meu Mundo Vertical é uma autobiografia de Kukuczka.

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